Queria poder continuar sonhando. Andando e cantando em um caminho de folhas douradas de outono. Rodeada de flores multicoloridas. Com sons de pássaros preenchendo a mente.
Parece que é impossível uma coisa como essa acontecer; Sempre – invariávelmente – haverá alguém ou alguma situação para me tirar desse meu mundo, tão particular.
Agora estou perturbada. Preocupada com o que pode acontecer comigo, com as pessoas ao meu redor, com o que podem pensar de mim por fazer algo assim. Mal sabem que estou entre a cruz e a caldeirinha. Se escolho um todos ficam felizes, menos eu. Se escolho o outro todos ficam tristes, menos eu.
Por isso digo que é difícil viver. Ou melhor, viver é fácil. Acontece que conviver é simplesmente difícil. Os caminhos são perversos, eles nos torturam até que possamos optar por um.
Eu quero a alegria de viver sem perturbações.
Talvez não ligar para o que os outros falam, pensam e tals –e quando digo todos, são até o que você ama- possa ser a melhor saída. Imagine o caminho de mágora que você irá deixar atrás de si?
E talvez seja somente a fuga deste lugar, deixando tudo e todos para trás, tentar esquecê-los, e tentar viver em outro canto em que ninguém te conheça. Livre e levemente carregada pelo vento por onde quer que seja, sendo a pessoa que sempre quis ser. Ainda assim, àquele lugar estará carregado de tristesa, pois as pessoas te queriam bem. Mesmo que você consiga esquecê-los, vai continuar algo pesando inconscientemente em seu interior, pois eles não te esquecerão.
Por fim, morrer. Drástico. E de fato não poderia faltar essa saída em meu texto, já que convivi com a ideia da presença dessa minha tão querida amiga. Antes, quando não havia sentimentos, emoções em mim, seria muito mais fácil. Cheguei a considerar seriamente, mas nunca tive essa coragem. Teria sido, sim, minha melhor opçãp. Porém, não agora.
Então, nenhuma das alternativas anteriores são aplicáveis. Primeiro por que é simplesmente impossível desconsiderar os outros. Segundo por que eu seria incapaz de fugir, literalmente, por não ter coragem de deixar os outros sem aviso, sem explicação. E terceiro, não me matarei. Em hipótese alguma.
No final é tudo a mesma coisa. E sempre escolho por algo que não estava na lista: continuar, do modo que me encontro, até o momento que me for imposto a mudança. Até que me diga o contrário, continuarei te seguindo. É o que penso quando converso comigo, com as diversas pessoas que habitam em mim. O que cada uma acha, se torna consenso, é o que faço. Minha intuição.
Ellen